Pedro Reis João Ribau António José Laranjeira António Ferreira e Miguel Figueiredo

As tecnologias e a Indústria 4.0 só terão sucesso se as empresas conseguirem obter reais benefícios, defendeu Mário Maciel Caldeira, associate partner da Deloitte Inovação e keynote speaker que abriu ontem, quinta-feira, 11 de julho, o Simposium “Aveiro 4.0 | O futuro da Tecnologia, Indústria 4.0, Marketing Digital e Inovação”.

Fernando Paiva de Castro, presidente da AIDA CCI, abriu o evento, realçando a inevitabilidade da modernização através da transformação digital, explicando que o Simposium Aveiro 4.0 é precisamente uma ferramenta para esse caminho que todas as empresas e todas as pessoas terão de seguir.

Fernando Paiva de Castro

Pegando no desafio lançado pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro, Mário Maciel Caldeira apresentou uma intervenção que chamou, «de forma provocatória», de Indústria 4.1, porque o facto de existirem tecnologias – porque hoje já existem muitas das que chamámos tecnologias do futuro –, não significa que tiremos delas o melhor partido, que exploremos todo o seu potencial.

Na opinião do especialista, a nossa evolução está ainda nos 3.7 ou 3.8, há um caminho a percorrer para estarmos em pleno no 4.0 ou 4.1, onde se destacam sobretudo a Internet of Things, o Big Data e a Artificial Intelligence.

O que as empresas querem realmente, explicou, são os benefícios que as tecnologias trazem, porque estas tecnologias já existem de facto, podemos é não estar a explorá-las da melhor forma: «O sucesso das tecnologias está associado à forma como as empresas conseguem tirar melhor partido dessas tecnologias para seu benefício, porque é isso que as empresas querem: benefícios», salientou. Internet of Thought, Interpersonal Intelligence e Big Business são os grandes desafios do 4.1, defendeu Mário Maciel Caldeira.

Mário Maciel Caldeira

O painel “Indústria 4.0 e tecnologias do futuro”, moderado por António José Laranjeira, partner e diretor-geral da Midlandcom, desafiou primeiro os oradores, Pedro Reis, sales and marketing manager da SDT Electrónica, Miguel Figueiredo, territory manager da CISCO Portugal, João Ribau, head of unit – Intelligent & Digital Systems do ISQ, e António Ferreira, sales director da Prirev, a dar a sua definição de Indústria 4.0, explicando como é que as suas empresas estão já a aplicar esta realidade.

No caso da CISCO, a adaptação ao 4.0 fez-se essencialmente ao nível dos serviços disponibilizados aos clientes, com a otimização de processos e da utilização da informação que tragam benefícios efetivos às empresas, essencialmente nos setores ligados à indústria.

A PRIREV cresceu exponencialmente nos últimos anos com a aposta no revestimento PVD – Physical Vapour Deposition, que hoje tem utilizações muito diversas graças à sua grande resistência e durabilidade. É uma empresa indissociável da modernização, inovação e tecnologia, que aposta na criação de valor associada ao seu produto-base.

Rui Gidro Luís Mira Amaral Eduardo Anselmo Castro e João Rocha

O ISQ baseia toda a sua atividade na inovação e tecnologia, no desenvolvimento de projetos próprios e em parceria, em diversos setores e para vários tipos de clientes.


A SDT adaptou-se às exigências do mercado para poder dar-lhe resposta, foi esta a premissa do caminho para o 4.0.

A colaboração em rede como caminho para o crescimento das empresas

Pedro Cilínio, diretor de Investimento para a Inovação e Competitividade do IAPMEI, falou sobre “Tecnologia, Clusters e Competitividade Regional”, o segundo tema da manhã no Simposium Aveiro 4.0. Começou por analisar as conclusões da avaliação do semestre europeu, que destaca, por exemplo, que Portugal tem uma das baixas taxas de investimento da União Europeia, que tem ainda uma insuficiência das ligações ferroviárias e marítimas, o que dificulta o acesso das empresas ao mercado único, que o investimento em I&D terá recuperado recentemente, mas que ainda é insuficiente, e que os trabalhadores continuam a ter baixas qualificações, entre outros aspetos, que o responsável identifica como pistas e caminhos para o desenvolvimento.

Pedro Cilínio

Estes caminhos passam necessariamente pela Indústria 4.0 para inovação de produto, processo, organizacional e de marketing, pela Economia Circular e pela Colaboração em Rede, que promovem uma cadeia de valor agregada para as empresas, e que resultam nos clusters – as economias de agregação. Os clusters permitem às empresas crescer em escala sem depender do seu crescimento orgânico, mas crescendo em rede. «A colaboração será a palavra de ordem do futuro», concluiu.

No painel com o mesmo tema, moderado por Rui Gidro, da Deloitte, Luís Mira Amaral, presidente dos Conselhos da Indústria e Energia da CIP, destacou a diferença entre setores, uma mera agregação estatística de empresas, e clusters, que agregam sinergias e conhecimento. Para Luís Mira Amaral, não é suficiente falar de tecnologia sem falar na qualificação dos recursos humanos, o principal entrave ao crescimento das empresas.

Aqui destaca-se a ligação das instituições de ensino superior dos centros de conhecimento às empresas, porque só assim se coloca a investigação ao serviço da inovação, e referiu os «excelentes exemplos» identificados num estudo recente da CIP: Politécnico de Leiria, Politécnico do Porto, Universidade de Aveiro e Universidade do Minho.

Eduardo Anselmo Castro, vice-reitor da Universidade de Aveiro, defendeu igualmente que, mais do que investigação básica, é necessário promover a investigação aplicada que chegue às empresas.

A qualificação dos recursos humanos trata-se também de antecipar e preparar o futuro, pensar onde queremos estar daqui a alguns anos, e a qualificação deve ser feita ao longo da vida, e em diferentes níveis.

Se nos tentamos adaptar no momento, não estamos a ser estratégicos, estamos a ser apenas imitadores, e não nos estamos realmente a preparar para o futuro, defendeu.

João Rocha, administrador da PRIO, mostrou como a empresa tem feito a sua evolução, através da inovação, da colaboração, até de parcerias, e com forte aposta nas tecnologias. A ligação à Universidade de Aveiro, de onde é “natural” a PRIO, foi fundamental neste aspeto, já que tem permitido à empresa usar a investigação para a inovação nos produtos e nos serviços.

As políticas inteligentes para as regiões são fundamentais, na opinião de todos os oradores do painel, que consideram fundamental que o governo, as regiões, as autarquias apostem seriamente em políticas que chamem as pessoas para as cidades e municípios que têm menos fatores de atratividade, quer ao nível económico e fiscal, para a fixação de empresas, quer ao nível da formação ou das condições de habitação e disponibilização de serviços, que ajudarão, em muito, a fixação de pessoas.

Numa iniciativa da AIDA CCI – Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro que se realiza no Centro de Negócios de Oliveira de Azeméis, o evento reúne cerca de duas centenas de líderes, gestores, empresários e profissionais de empresas e organizações nacionais e regionais para debater temas relacionados com a “Tecnologia e competitividade regional”, a “Indústria 4.0 e tecnologias do futuro”, a “Transformação Digital e o futuro do marketing” e a “Inovação ao serviço das empresas”.

doPAPEL em colaboração com a Midlandcom