Carolina Maçã
 
Em 2013 surgiu a 360imprimir para se estabelecer como um canal de venda de produtos impressos através da internet. Cinco anos depois, a empresa, que não dispõe de produção gráfica própria, já está presente em quatro países diferentes, e tem o objetivo de faturar €100 milhões em 2020.
Carolina Maçã, Content Team Leader da 360imprimir, fala-nos sobre o início, o caminho já percorrido e os objetivos futuros.
 
Como nasce a 360imprimir?
A empresa surgiu pela mão de seis sócios. Um deles verificou que o custo unitário de um cartão de visita  era muito elevado. Isto acontecia porque existia um desajuste entre a oferta e a procura. A indústria gráfica está talhada para grandes volumes e o pequeno consumidor, as pequenas e médias empresas e o empresário em nome individual, muitas vezes não têm necessidade de comprar grandes volumes. A própria indústria gráfica tem um set-up associado que depois não lhe permite praticar preços tão baixos. E, quanto maior é a quantidade obviamente que menor é o custo. Os pequenos empresários acabavam por não ter, ao seu dispor, uma oferta adequada às necessidades. Se um dos sócios se deparou com essa falha, outros também se deparariam. A empresa foi criada  com a premissa de suprir as necessidades ajustando a oferta à procura. Depois procuraram ir o mais possível ao encontro das necessidades desses clientes. Ou seja, ajustar as quantidades, as tipologias, para que essas pessoas tivessem ao seu dispor os produtos de marketing de que necessitavam.
 
Mas havia alguém ligado à indústria gráfica?
Não. Identificou-se a necessidade e começaram a pesquisar. Foi aí que, depois, começaram a desenvolver o nosso software de agregação que permite estas vantagens.
 
Foi tudo desenvolvido de raiz ou optaram por investir em software preparado para a criação de uma webshop?
Foi tudo desenvolvido de raiz.
 
Como foi a receção dos parceiros gráficos à vossa empresa, uma vez que vocês vendem os produtos e não têm capacidade produtiva?
Nós subcontratamos os gráficos que produzem as encomendas. Esse foi um dos maiores desafios do projeto. A própria indústria gráfica tinha um mindset muito diferente e a forma como o projeto lhes foi apresentado também representou uma novidade para eles. Na verdade, também ajudámos a otimizar os procedimentos das gráficas que trabalham connosco, o que é muito interessante. Mas foi um desafio porque é um projeto totalmente inovador e, mesmo na própria indústria, era algo desconhecido. Começou-se gradualmente e tudo evoluiu muito bem. Os próprios parceiros acabaram por perceber o potencial que o projeto tinha.
 
Quantos parceiros têm?
Temos muitos parceiros em vários mercados: Portugal, Espanha, Brasil e México. E o Brasil, por exemplo, tem uma dimensão enorme. Temos vários parceiros porque temos um compromisso com o cliente que se relaciona, por exemplo, com o tempo de entrega e, num país tão grande, os tempos de entrega são muito relevantes. Não tenho presente o número exato, mas são muitos nos vários mercados.
 
 
Cartoes de visita2
 
Que outros marcos destacam na vossa história?
Temos alguns vetores de crescimento que são importantes como, inevitavelmente, o facto de nos expandirmos para outros mercados. Receber um investimento é outro marco, porque nos permitiu alavancar o crescimento. Foi um investimento por parte da Pathena e da Omnes Capital . Temos um objetivo ambicioso para 2020 que é chegar aos €100 milhões de faturação e 2020 “é já ali”! Os marcos são a entrada em Espanha, que se deu em 2014, no ano seguinte à criação da empresa, a entrada no Brasil, que aconteceu em 2015. Depois em 2016 começámos a operar no México. Obviamente que outro marco é esse investimento de quatro milhões de euros e o ter-se avançado com um processo de recrutamento enorme, em setembro de 2016, em que abrimos mais de 100 posições para poder sustentar este crescimento que queremos ter.
 
Só em Portugal ou também noutras localizações?
Nós estamos centralizados em Portugal. Trabalhamos diretamente com os nossos parceiros e os nossos colaboradores, responsáveis pelos mercados, visitam os diferentes locais com alguma frequência - até porque é importante para definir reajustes e estarmos em constante evolução - mas toda a equipa está centrada em Portugal.
 
Neste momento, a empresa tem quantos colaboradores?
Neste momento rondamos os 150.

Todos em Lisboa?
Não. Temos mais dois escritórios: um em Torres Vedras e outro em Braga. O escritório em Torres Vedras abriu no final de 2016 e o de Braga abriu no final do ano passado.
 
É um crescimento muito rápido em cinco anos…
Isto também porque, entretanto, em maio, lançámos uma nova gama de grande formato. Nós vendíamos produtos como cartões de visita, flyers, pastas… produtos de pequena dimensão. Numa primeira fase alargámos a gama para o grande formato com os expositores, lonas e roll-ups. Depois disso já lançámos os carimbos, os têxteis, as fardas, os brindes – canetas, porta-chaves, etc. – portanto temos um leque de produtos muito abrangente e é preciso sustentar o crescimento quer do lado da produção quer também do lado de quem está a implementar. Aliás, nós temos duas equipas focadas apenas em crescimento.
 
De todos os produtos que disponibilizam, quais os que têm mais procura?
Os cartões de visita são um produto muito importante. Apesar do digital evoluir muito, o impresso continua a ter muito valor. As pessoas continuam a apostar no cartão-de-visita, sobretudo as pequenas e médias empresas e empresários em nome individual. Recorrem a este tipo de produto porque sabem que é eficaz, que fica na mente dos clientes, que transmite os contactos, e isso é muito valorizado. E é um produto muito acessível. Um cliente que nunca comprou connosco consegue comprar 500 cartões de visita por 5,99€. O custo compensa muito face ao retorno que pode existir. Mas cada vez mais, os outros produtos ganham expressão. Isso nota-se com o lançamento das novas gamas. Um cliente que vem à 360imprimir consegue suprir grande parte das suas necessidades de marketing. Não tem que ir comprar a farda a uma loja de têxteis, comprar o cartão de visita numa gráfica e ir a outra para encomendar as canetas. Nós centralizamos tudo isso e o cliente acaba por poupar tempo e dinheiro.
 
E fazem vocês a gestão da distribuição desse tipo de trabalho?
Exatamente. Para o cliente é positivo porque recebe toda a encomenda junta. O cliente recebe os produtos que encomendou, no local onde pretende, e com um processo nada moroso. E essa é uma das nossas grandes vantagens! Toda aquela morosidade associada à indústria gráfica deixa de existir. Um cliente acede ao nosso site, seleciona os produtos que pretende, define as características que pretende para esses produtos, depois tem possibilidade de submeter um design próprio ou, caso não tenha, temos serviços de design que podemos disponibilizar (por exemplo, design de logótipo, design à medida ou até a réplica de um design, porque há muitos clientes que têm o design impresso, mas não têm os ficheiros editáveis). O cliente define o prazo da entrega que pretende  e, até aquele dia, tem os produtos que encomendou. Isso é uma vantagem enorme. Depois há a questão do preço. Com o software agregador que desenvolvemos, conseguimos ter preços muito mais apelativos do que qualquer concorrente… e estamos a falar de preços que são três a cinco vezes inferiores.
 
Como conseguem isso a utilizar a capacidade produtiva das empresas tradicionais?
Esse é o segredo… De facto, conseguimos fazê-lo devido ao software que desenvolvemos e que nos permite uma otimização enorme de custos. Obviamente que o preço que o cliente vai pagar também é menor.

A 360imprimir diponibiliza serviços de design 
Da mesma forma que vocês se expandiram para o Brasil, o México e Espanha, existem muitas outras empresas de web-2-print a entrar em Portugal. Estamos a falar da Exaprint, da Pixartprinting e da Onlineprinters, por exemplo. Como lidam com essa concorrência e o que vos distingue?
A resposta é a mesma. A concorrência é sempre um estímulo, mas estamos muito voltados para o cliente. Achamos mesmo que se oferecermos um bom serviço ao cliente e se tivermos vantagens competitivas, o cliente vai optar por nós. Apesar do cliente também valorizar outros fatores, o preço é inequívoco. E este software é o trunfo para termos os preços que temos e sermos altamente competitivos. Nós garantimos o preço mais baixo do mercado. E se o cliente encontrar, para aquelas características de produto, um preço mais baixo, nós não temos qualquer problema em assegurar o mesmo preço. Chamamos-lhe garantia de satisfação.
 
Quais são as dificuldades de operar um negócio de web-2-print? O que gostariam que mudasse?
A mudança tem vindo a acontecer. A dificuldade foi a inicial e quando as pessoas não conhecem o modelo de negócio, para estabelecer parcerias existe sempre alguma resistência da outra parte. Existe um timing entre fechar uma parceria e o parceiro perceber que foi muito positivo também para ele. Mas depois de ultrapassar essa resistência, tudo se torna mais fácil porque o parceiro percebe as vantagens de trabalhar connosco e de trabalhar neste modelo. Estamos a falar de contratar uma grande capacidade produtiva nos nossos parceiros, portanto é excelente para eles. Eles acabam também por otimizar os próprios processos que têm. Isso é muito interessante porque acabamos por deixar a nossa marca nessas empresas.
 
Já foram prejudicados pelas falhas dos vossos parceiros?
Os clientes compram connosco e o que tentamos fazer é minimizar o dano causado. Não acontece muito, mas estamos a falar de milhões de encomendas. É claro que, inevitavelmente, pode acontecer. Tem que existir uma gestão caso a caso. É balizar, informar o cliente e tentar minimizar o dano.
 
Quais são os planos futuros, além do crescimento da faturação?
Temos um grande objetivo e temos a noção que, para o cumprir, temos que apostar em diversos vetores de crescimento. O que é expetável – e estamos a trabalhar nesse sentido – é que sejamos uma one-stop-shop de produtos e serviços de marketing. Começámos como uma gráfica online e, neste momento, para além de todas as gamas que disponibilizamos também disponibilizamos os serviços de design. O objetivo é evoluir nesse sentido. O que é que isto quer dizer? Se um cliente compra flyers é porque tem a necessidade de os distribuir. Porque não ter um serviço de distribuição para que o cliente não tenha que se preocupar em distribuir flyers ou em contratar alguém para o fazer? O que queremos é conseguir dar resposta a todas as necessidades de marketing. Até porque, muitas vezes, as pequenas e médias empresas não têm estruturas de marketing que lhes permitam dar resposta às várias necessidades que têm. Nós queremos ser esse parceiro e há um longo caminho a percorrer e gamas de produtos a lançar… será por aí o caminho para chegar aos €100 milhões em 2020.
 
Estão de olho noutros países?
Sim, estamos. É importante e esse é um objetivo. A expansão geográfica permite-nos sustentar o crescimento e a América Latina continua a ser uma região que nos interessa pelas oportunidades que existem. Esse também foi um desafio na altura. A recetividade do cliente pode ser muito diferente. Por exemplo, no Brasil estão mais que habituados a comprar online, mas no México, que é logo ali ao lado, existe uma grande barreira à compra online. O e-commerce é ainda muito dúbio para eles, por isso ganhar essa confiança é uma dificuldade. Sempre que vamos para um novo mercado vamos inevitavelmente encontrar dificuldades… porque a cultura é diferente e há N fatores que influenciam. Mas é muito gratificante ver a evolução!