Cavaleiros de Gutenberg Associação Lusófona

Para celebrar a constituição formal dos Cavaleiros de Gutenberg em Portugal, que aconteceu em 22 de junho do corrente mês, foi organizada uma cerimónia de entronização de novos membros e de imposição das insígnias portuguesas a todos os Cavaleiros de Gutenberg. O evento decorreu no Clube Universitário do Porto e estiveram presentes cerca de 100 convidados.


Não há nenhum vulto na história da humanidade que represente a generosidade da partilha do conhecimento como Gutenberg. Não é por acaso que ele é considerado a figura mais importante do primeiro milénio. Gutenberg é o pai de uma indústria com múltiplas ramificações mas foi, sobretudo, o responsável pela democratização do livro e do saber. E é este o espírito que preside à Confraria dos Cavaleiros de Gutenberg, agora oficialmente instituída em Portugal, através da configuração jurídica de associação. Cavaleiros de Gutenberg – Associação Lusófona, é o nome desta irmandade que congrega cada vez mais personalidades ligadas ao sector gráfico do universo lusófono.

Humberto Marcos coloca as insígnias em Augusto Monteiro



Luís Humberto Jardim Marcos, diretor do Museu Nacional da Imprensa, é o presidente da recém-constituída associação e foi ele a iniciar os trabalhos, evocando a figura de Gutenberg, “que simboliza a luz, representa a democratização do conhecimento e permitiu a divulgação de parte significativa do espólio cultural da humanidade”.


Jacek Kusmierczyk, o chanceler polaco dos Cavaleiros de Gutenberg, investido membro honorário dos Cavaleiros de Gutenberg – Associação Lusófona e responsável pela criação do ramo português da Confraria, congratulou-se com o facto de mais uma nova associação abraçar os objetivos desta organização. “Somos um farol-guia para um futuro democrático na Europa que queremos mais fraterna e solidária”, sublinhou.

Jacek Kusmierczyk o chanceler polaco dos Cavaleiros de Gutenberg


Juntar livros, ajudar a criar bibliotecas, apoiar escolas e jovens carenciados promovendo bolsas de estudo, convidar os mais novos a ouvir música colocando-os em contacto com o conhecimento nas suas mais diversas vertentes são apenas algumas das acções dos Cavaleiros polacos, que este responsável acredita ser possível replicar em Portugal.

Depois de ter sido investido como membro honorário dos Cavaleiros de Gutemberg portugueses, Jacek Kusmierczyk recebeu um abraço de agradecimento de Paulo Souto, responsável da Sistrade, responsável pela vinda desta Confraria para Portugal ao ter sido, ele próprio, investido membro honorário da irmandade polaca.

Cavaleiros de Gutenberg


Depois de agradecer a honra, o chanceler polaco afirmou que “Gutenberg é a mais igualitária plataforma para espalhar o conhecimento porque a internet é, também, ler”. Jacek Kusmierczyk realçou ainda a nobreza dos princípios de Gutenberg completamente avessos a nacionalismos e a ditaduras. “Ficamos felizes por estarmos aqui e percebermos que outros Cavaleiros, gente diferente, com diferente língua, espalham esta ideia universal de promover o conhecimento e a fraternidade”, concluiu o chanceler polaco.

“Espero que venha a ser um instrumento de união do setor gráfico em geral. A indústria anda um pouco divorciada e uma confraria com estas caraterísticas pode agregar o maior número possível de empresários gráficos num ambiente de cordialidade e não de concorrência agressiva”. Augusto Monteiro, administrador da Grafopel, um dos cavaleiros fundadores e presidente da Assembleia Geral da associação


Realçando o caráter solidário dos Cavaleiros de Gutenberg, Augusto Monteiro garantiu que há já disponibilidade, por parte de alguns empresários, em receber formandos nas suas instalações. “Temos ainda a intenção de criar bolsas de estudo para jovens carenciados. Mas, para já, importa continuar a agregar novos confrades e potenciar a existência em Portugal de uma associação de referência mundial que dá visibilidade à nossa indústria”, concluiu o presidente da Assembleia Geral dos Cavaleiros de Gutenberg. 

Depois da entrega das insígnias portuguesas aos cavaleiros fundadores, decorreu a investidura dos novos confrades, num total de 16, incluindo duas mulheres, Maria Manuela da Costa Ribeiro e Teresa Borba Marques da Silva, que se juntaram a Adão Fernandes Ferreira da Silva, António Guilhermino Pires, Domingos Ferreira Oliveira, Eduardo Lourenço, Eduardo Viana, Fernando Manuel Alves da Rocha, Ginés Ramirez del Solar, Henrique Cayatte, Jacek Kusmierczyk, João Palmeiro, Munish Aggaewal, Pablo Serrano e Paulo Sá Machado.

 

Gutenberg: um espírito de luz

Durante a cerimónia de investidura e imposição de insígnias dos Cavaleiros de Gutenberg o professor Guilhermino Pires, numa breve palestra, recordou a figura e a vida de Johannes Gutenberg que morreu há 550 anos, mas integra, referiu o orador, “a academia dos imortais”.
 
Guilhermino Pires

Guilhermino Pires destacou a vida pessoal exemplar de Gutenberg, “integralmente dedicada à realização de um empolgante sonho”. Nascido na cidade alemã de Mogúncia (Mainz), provavelmente em 1397, foi em Estrasburgo que Gutenberg iniciou as primeiras experiências tipográficas e terá desenvolvido a primeira máquina de impressão.
 
O livro impresso nasceu e, desde então, nunca mais foi possível ocultar ideias e impedir o acesso ao conhecimento porque, mesmo quando se queimam livros, nalgum lugar do mundo outros são impressos e distribuídos.
 

Os cavaleiros da palavra impressa


O processo de constituição, em Portugal, de um ramo da Irmandade dos Cavaleiros de Gutemberg da Polónia teve início em Maio de 2014, com a entronização de sete personalidades portuguesas ligadas à atividade gráfica. Objetivo: reforçar a visibilidade e a capacidade de intervenção do setor gráfico, nomeadamente através de acções de carácter social, tendo sempre como princípio a divulgação do conhecimento.
 
O evento contou com cerca de 100 convidados

A Irmandade dos Cavaleiros de Gutemberg Polaca existe deste 1996, integrando a Confraria Europeia dos Cavaleiros de Gutemberg, que nasceu em França em 1978. Na Polónia a Confraria, constituída apenas por cidadãos, tem como grande objectivo a defesa da importância da leitura e do conhecimento, da cultura e da história polacas, editando obras de referência e promovendo a distribuição de livros por escolas e instituições. Em Portugal, a organização pretende seguir estas diretrizes e manter sempre presente o espírito luminoso do seu patrono, Gutemberg, o inventor da aldeia global que morreu há 550 anos.
 
Corpos Sociais

A associação, sem fins lucrativos, tem como objeto defender e promover a palavra impressa, contribuindo para a preservação, difusão e desenvolvimento da comunicação impressa, dos países da cultura e da língua portuguesa.
Os titulares dos órgãos sociais dos Cavaleiros de Gutenberg – Associação Lusófona para o mandato de 2018 a 2020 são, para a Assembleia Geral, Augusto Monteiro da Silva, presidente, Fernando César Pinheiro de Fontoura e Luís Filipe Pereira Magalhães Correia como secretários. A direcção é constituída pelo presidente Humberto Marcos, os vice-presidentes João Henriques Baeta, Paulo Souto, Diogo Filipe Alves de Sousa, José Manuel Lopes de Castro, José Rodrigo Sousa Barros e Carlos Duarte Lopes Coutinho. O Conselho Fiscal é presidido por António Jorge Marquez Filipe e são secretários António José de Sousa Ribeiro e José Maria Pereira.

Por Margarida Almeida