Roberta Bigliani
 
O Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, voltou a ser o palco para uma nova edição da conferência “Workplace of the future”. O resumo de todas as intervenções é claro: o mercado de trabalho vai mudar consideravelmente, graças à crescente digitalização e à mudança de mentalidades dos novos trabalhadores.

Roberta Bigliani, vice-presidente da IDC Europe, alerta que é importante não transformar a tecnologia na grande vilã do futuro, como usurpadora de postos de trabalho. A executiva deixou alguns números no ar. Em 2018, o mundo conta com 7.6 biliões de pessoas. Já existem 1.5 biliões de smartphones, 130 milhões de wearables, 150 milhões de tablets, 500 milhões de plataformas de Smart Assistants, 160 milhões de notebooks e quase 100 milhões de desktops. Ao analisá-los, notamos que estamos todos mais móveis. Preferimos as ferramentas que nos mantêm atualizados, para trabalho ou lazer, mas que nos permitem não estar presos ao mesmo lugar.
 
A Claranet desafiou os presentes a testar um local de trabalho de um passado recente e outro do futuro
A Claranet desafiou os presentes a testar um local de trabalho de um passado recente e outro do futuro

Roberta estima que, dentro de cinco anos, 25% dos trabalhadores vão ter um bot, um smart Agent ou outro modo de Inteligência Artificial (IA) como colega de trabalho e que 25% das transações empresariais não vão ter intervenção humana, sendo que a colaboração entre humanos e máquinas deve aumentar 15%.

Não se tratam de visões futuristas retiradas de um cenário de Hollywood, mas antes previsões baseadas no que já acontece. A executiva da EDC afirma que as máquinas não vão substituir os humanos, cada vez mais importantes noutro tipo de tarefas. Arrisca até a dizer que, em 2022, 45% da força de trabalho será composta por empresários em nome individual e que vão desaparecer as tradicionais formas de contratar pessoas. As empresas vão pensar tarefa a tarefa, contratando com base no projeto e na necessidade de cumprir objetivos, sempre à procura do melhor talento disponível, integrando as plataformas online nesse processo.


Já não vamos para o trabalho!

Os Millennials já estão a penetrar no mercado de trabalho e devem ser já metade da força em 2020. A “temida” geração chega com a convicção de que não nascemos apenas para trabalhar e que é necessário atingir um melhor equilíbrio entre o tempo profissional e pessoal.

O trabalho vai deixar de ser um espaço físico ou estar limitado a ser realizado numa determinada altura do dia. António Maia, da Claranet, recorda que é necessário procurar entregar a “felicidade no local de trabalho”, empoderar as pessoas para que seja possível haver mais produtividade e criatividade, sendo que esta última deixa de ser um sinónimo de trabalho de design. Mas para isso é necessário criar o espaço adequado e providenciar as ferramentas indispensáveis para a realização do trabalho, com a máxima segurança possível, num ambiente de mobilidade.
 
Pedro Coelho - HP
 
 
Pedro Coelho, da HP, vai mais longe e diz que, em 2020, 62% do trabalho será realizado em locais que não a empresa. “A expressão ir para o trabalho está a cair em desuso. O trabalho é algo que fazemos e não é um local para onde vamos”, diz o Area Category Manager da HP.
 
Pedro relembra que é necessário escolher bem as ferramentas de trabalho para a nova realidade, onde as colaborativas são essenciais para a realização de reuniões à distância, por exemplo. Refere que as empresas vão deixar de ter as típicas salas de reunião e vão criar espaços partilhados, para pequenas reuniões. Vão deixar de ter espaços atribuídos ao trabalhador X ou Y e optar por espaços de trabalho partilhados.
 
Vão criar zonas onde as pessoas querem estar, e para tal têm que se equipar com a tecnologia que permite que qualquer um tenha a máxima funcionalidade na altura que a pretende utilizar, sem estar preso a ambientes configurados para utilizadores específicos. Fala por isso na aposta em monitores 4K com ligações USB-C, dockings USB-C e PC’s colaborativos, sempre com tecnologia de segurança incorporada.
 

“Millennials love their children too”

Miguel Agostinho, da Associação Portuguesa de Facility Management, acha que sim. Diz que estamos tão deslumbrados com a tecnologia que perdemos o foco nas pessoas. O executivo relembra que não adianta ter tecnologia do Séc.XXI numa empresa com a mentalidade do séc. XV.
 
Miguel Agostinho - APFM
 
O dito Workplace (local de trabalho) deve ser alinhado com a cultura da empresa e a tecnologia deve ser incorporada para bem das pessoas. A tecnologia é uma ferramenta e o nosso trabalho é conseguir um equilíbrio, sem medos de acolher os Millenials e todas as alterações que possam trazer ao mercado de trabalho.
 
Evocou até uma canção de Sting alterando-lhe o título - “Millennials love their children too” – para reforçar a ideia que independentemente da geração somos todos humanos e queremos todos o mesmo.
 
A IDC apresentou vários casos de empresas como a Santa Casa da Misericórdia, a FRULACT ou a Águas do Porto