Ramon Pastor, Presidente interino de 3D Printing & Digital Manufacturing da HP, partilha um a sua opinião acerca da forma como a tecnologia de impressão 3D ajudou na luta contra a pandemia do novo coronavírus e que lições se podem aprender.

HP Jet Fusion 5200 Barcelona

Abril marca o 50.º aniversário do Dia da Terra. Com a pandemia do COVID-19, a nossa vida mudou radicalmente, mas os actos de humanidade, grandes ou mais pequenos, são luzes na escuridão. Seja no que se refere aos desafios climáticos ou à saúde pública global, estes dias são um lembrete de que – independentemente da nacionalidade, da profissão ou de outras características – estamos todos incontornavelmente ligados.

Como um veterano da indústria de impressão 3D, posso dizer que esta crise de saúde me mostra que a impressão digital tem um papel de dínamo de transformação a assumir: não apenas na impressão 3D de material médico nesta altura, mas na criação de um mundo mais sustentável e com maior colaboração a longo prazo. Acredito que há três princípios que vão continuar a guiar-nos hoje e nas próximas décadas:

A inovação em benefício da Humanidade

Sempre soubemos que muitas tecnologias têm nos problemas mais graves o seu catalisador. Em tempos de grande incerteza e profundas alterações, a noção de propósito é uma força estabilizadora. A tecnologia tem a capacidade de melhorar a vida de todos e em todas as partes do planeta. A impressão digital pode acelerar a velocidade de produção e aumentar a capacidade de resposta às necessidades imediatas das pessoas num determinado local ou em determinada altura – como vemos aliás durante esta crise. Na verdade, 80 por cento das empresas referem que o 3D as ajudou a inovar mais rapidamente. Além disso, ajuda a ultrapassar os problemas das falhas nas cadeias de fornecimento e torna a escalabilidade mais viável, mesmo para empresas de pequena dimensão. E todos estes argumentos estão ao serviço da comunidade e das pessoas – dos criadores, das forças de trabalho e – claro está – de clientes que beneficiam de uma forma de fabrico mais limpa e com maior índice de trabalho colaborativo.

Ramon PastorRamon PastorPrecisamos de um ecossistema

A nossa indústria mobilizou-se rapidamente em torno da questão do COVID-19, não apenas devido à tecnologia, mas também por causa das parcerias. Nas primeiras semanas em que assistimos à disseminação do vírus, a HP produziu mais de 50.000 peças para o sector da saúde, como máscaras e viseiras. Os nossos parceiros amplificaram esse esforço com mais dezenas de milhares. A SmileDirectClub, por exemplo, realocou uma das maiores fábricas de impressão 3D nos EUA para que esta unidade produzisse viseiras em larga escala – até 10.000 por dia – enquanto o seu departamento de investigação e desenvolvimento trabalhou sem parar para criar máscaras com filtros inovadoras. A nossa indústria foi capaz de partilhar ideias e de transformar fluxos de trabalho em apenas horas ou dias, não em meses ou anos.

Muito embora a impressão 3D requeira um processo de reaprendizagem, desde a criação do conceito, a produção ou a distribuição, a verdade é que o tempo nos mostrou por que razão os especialistas de todas as indústrias devem unir-se em torno deste potencial de mudança. Por exemplo, orgulhamo-nos de participar no plano de acção COVID-19 do Fórum Económico Mundial. As empresas que trabalham em conjunto com as agências governamentais, os prestadores de cuidados de saúde e as instituições académicas e líderes de investigação estão a criar um poderoso ecossistema com uma visão partilhada para salvar vidas e facilitar um futuro mais sustentável – algo que nenhuma entidade só por teria conseguido fazer.

Servir as comunidades onde vivemos, trabalhamos e nos divertimos

Numa altura em que trabalhamos para proteger o bem-estar de todos, temos que pensar mais além sem evitarmos olhar para o que temos à nossa frente. Em Barcelona, onde vivi e onde a HP abriu uma unidade de produção e de grande dimensão no ano passado, a pandemia tem sido devastadora. Nessa cidade, transformámos as instalações do nosso centro de pesquiza e desenvolvimento de quase 14 mil metros quadrados numa unidade de produção de máscaras e viseiras, componentes para respiradores e outras peças. Se olharmos para os locais onde estamos e para as comunidades onde os nossos colaboradores vivem e trabalham, tornamos as inovações num argumento pessoal. Se quisermos criar soluções que servem os interesses dos nossos, o progresso seguir-se-á.

O que aprendemos em meio século de Dia da Terra é que a vida no planeta requer a capacidade e a vontade de enfrentar constantemente novos desafios com um inabalável espírito de resiliência e capacidade de reinvenção. Desde os veículos eléctricos à energia solar, a implementação de tecnologia ao serviço do planeta não é de agora. Já provámos ser capazes de o fazer. No Dia da Terra que agora comemorámos, devemos assumir o compromisso de continuar a gerar capacidade de engenho e espírito inventivo.

A indústria de fabrico digital está na linha da frente e a mostrar ao mundo o que é possível fazer quando a tecnologia e a criatividade são colocadas á prova. Mas o trabalho ainda não acabou. Hoje, face à incerteza que temos pela frente, utilizemos a tecnologia para alimentar as mudanças de que necessitamos para ajudarmos todos.