Simbioses Industriais
 
O BCSD Portugal – Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável , em conjunto com o estudo “Sinergias Circulares: Desafios para Portugal”, lançou uma ilustração que exemplifica como os resíduos urbanos e setoriais, que são atualmente eliminados em aterro, poderiam ser reincorporados pela economia local de forma organizada.
 
A ilustração é uma das formas que o BCSD encontrou para tornar visual as simbioses industriais, subentende a colaboração entre empresas de vários setores, com o objetivo de gerar vantagens competitivas para os intervenientes através da troca de resíduos, água e energia. As simbioses industriais permitem que em vez de eliminados em aterro, os resíduos sejam utilizados como matérias-primas.
 
“A ilustração está disponível para download no site do BCSD, na versão portuguesa e inglesa, e pretende simplificar o conceito de simbioses industriais e todos os tecnicismos por detrás dele. É direcionada às empresas, para que percebam como podem organizar o destino dos seus resíduos e para os cidadãos, passando a mensagem de que a adequada separação de resíduos em casa e na escola pode melhorar o bem-estar de todos” Sofia Santos, Secretária Geral do BCSD Portugal.
 
A ilustração apresenta uma cidade, os seus jardins, uma zona agrícola e um parque industrial. Nesta região os cidadãos separam os resíduos adequadamente, sabendo que contribuem para a melhoria dos jardins e para a qualidade dos produtos agroalimentares.

As empresas compram e vendem resíduos entre si, num ciclo fechado de produção industrial. Cinzas, lamas, vapor, calor ou gás são exemplos de transações realizadas entre empresas. Os serviços de gestão de água, energia e resíduos são partilhados entre empresas.

Este é o conceito de simbiose industrial. A ilustração apresentada é apenas um ponto de partida daquilo que poderia ser feito em várias regiões do mundo. A ilustração é da autoria de Mariana Malhão.


Principais conclusões do estudo

 
Em 2015, em Portugal, foram eliminados 1,1 milhões de toneladas de resíduos não urbanos. Se estes resíduos fossem transacionados entre empresas, isto é, se em vez de serem eliminados fossem utilizados como matérias-primas, os impactos económicos anuais seriam os seguintes: redução de consumos intermédios de 165 milhões de euros e contribuição com 32 milhões de euros em VAB (Valor Acrescentado Bruto). O impacto social traduzir-se-ia na criação de 1.300 novos empregos e o impacto ambiental numa redução superior a 5 milhões de toneladas de extração doméstica (materiais extraídos em território nacional anualmente).

A título de exemplo, o estudo identificou quatro resíduos que poderiam ser reutilizados como matérias-primas: os resíduos biodegradáveis podem ser usados na produção de fertilizante para jardins e agricultura; as cinzas têm destino nos setores da construção, cimenteira, asfalto ou agricultura reduzindo a extração de matéria-prima virgem; as lamas podem ser utilizadas na indústria de papel ou em fertilizantes de solos; e os solventes podem ser escoados para a produção de tintas ou de combustíveis alternativos.
 
“Sinergias Circulares” analisou dados nacionais de 32 empresas associadas do BCSD que produzem cerca de 8,3 milhões de toneladas de 267 resíduos diferentes, sendo que 57% dos resíduos produzidos são eliminados e apenas 43% valorizados.
 
“Sinergias Circulares” é um projeto desenvolvido pelo Grupo de Trabalho Economia Circular e Simbioses Industriais do BCSD de que fazem parte as seguintes empresas: Altice Portugal, Altri, Amorim, ANA Aeroportos de Portugal, Cimpor, Cortadoria Nacional de Pêlo, Deloitte, EDP, Eurest, EY, Galp, Hovione, Jerónimo Martins, Lipor, Prio Biocombustíveis, PwC, Secil, Sonae, The Navigator Company e Vieira de Almeida & Associados. A Agência Portuguesa do Ambiente e a 3DRIVERS – Engenharia, Inovação e Ambiente são parceiras deste projeto.
 
Mariana Malhão é natural de Coimbra mas reside no Porto. O foco do seu trabalho é o desenho e produção de objetos 3D, tentando criar um paralelismo entre eles. Mariana representa um universo colorido e um imaginário para crianças, jovens e adultos. Atualmente coorganiza, com Dylan Silva, a feira de artes diversas "Sábado-Feira" no Maus Hábitos no Porto. Alguns dos seus trabalhos estão expostos e são comercializados na “Ó! Galeria” e “Duas de Letra”, no Porto, e na livraria infantil “It's a Book” em Lisboa. Mariana é licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Porto.