A Apigraf, associação que representa as indústrias gráficas e transformadoras do papel, está contra a medida que proíbe a venda de livros em determinadas superfícies comerciais durante a época de confinamento relacionado com a pandemia da COVID-19.

“Num sector que desde o primeiro momento tem sido exemplar no combate à pandemia, na divulgação e aplicação das medidas preventivas e dos procedimentos recomendados no combate à pandemia, na resiliência dos seus empresários e no suporte à viabilização das cadeias de produção que têm permitido ao longo do último ano o funcionamento tão normal quanto possível da sociedade, uma indústria cujos produtos todos usamos ao longo de todo o dia, compreendemos as dificuldades que a gestão desta crise encerra e o potencial de erro de quem tem que decidir muito e depressa. Mas não haja dúvidas: esta é uma decisão não fundamentada, errada e com um forte impacto numa das mais transversais áreas industriais de suporte à economia”, refere José Manuel Lopes de Castro, presidente da Apigraf.

Lopes de Castro

A 15 de janeiro foi emitido um despacho que proíbe a venda de livros, entre outros produtos, nos estabelecimentos de comércio a retalho que comercializem mais do que um tipo de bem. A proibição entrou em vigor a 18 de janeiro. A medida foi justificada, pelo governo, com o equilíbrio do mercado, pois “estar-se-ia a permitir que os estabelecimentos que se mantêm em funcionamento pudessem comercializar, no seu estabelecimento, produtos que os estabelecimentos que estão obrigados a encerrar ou suspender a respetiva atividade deixaram de poder comercializar, em espaço físico.”

“Com que fundamento se toma uma medida que claramente afecta toda uma cadeia de valor, na qual se incluem as empresas gráficas produtoras de livros, sem qualquer benefício aparente? Mera inspiração de algumas experiências europeias, cujos objetivos e resultados se desconhecem? Experiência sociológica? Promoção do comércio online?”, questiona a associação.

A comercialização de livros continua a ser possível através de comércio eletrónico, o que leva a Apigraf a manifestar-se contra a medida, relembrando que o papel é um dos suportes mais seguros e que a leitura é uma ferramenta imprescindível, quer para a aprendizagem quer para o bem-estar psicológico.