No trabalho, fora de casa, nos transportes ou no carro, em jantares ou no fim-de-semana: a geração millennial sofre de "workaholism", ou a chamada dependência do trabalho. De acordo com uma pesquisa publicada ainda em 2019 na revista americana Forbes, esta situação está a afetar 66% dos Millennials - uma situação que muito provavelmente se agravou devido à COVID-19, refere a Adecco.
O estudo revela que 32% trabalha mesmo quando está sentado na casa de banho; 63% mesmo quando está doente; 70% está sempre ativo mesmo nos fins-de-semana. E de acordo com uma sondagem publicada no Washington Examiner, 39% dos nativos digitais estariam dispostos a trabalhar mesmo quando estivessem de férias.
© PressPhoto / Freepik
A separação entre a vida privada e o trabalho já não existe e o principal culpado da híper produtividade é a tecnologia, que nos permite trabalhar onde e quando quisermos. Tudo o que precisa é de uma ligação, sem necessidade de ir sequer ao escritório.
E com os smartphones, temos constantemente uma secretária à mão, correndo o risco inevitável de nunca se desligar e de viver num ciclo contínuo em que o trabalho está sempre presente. O número de horas de trabalho torna-se mais longo, separa-se e cobre todas as áreas da vida privada.
Outros fatores que geram dependência do trabalho são a exigência dos gestores, o desejo excessivo de ter sucesso, o medo de não ter uma carreira, e de não ser tão bom como os outros. As preocupações generalizadas entre uma geração, os Millennials, mostram uma grande preocupação com o futuro, em comparação com os baby boomers.
O chamado "workaholism", é um termo usado em 1971 pelo psicólogo Wayne Oates no livro Confessions of a Workaholic: Os Fatos sobre o Vício do Trabalho. O termo refere-se à compulsão ou à necessidade incontrolável de trabalhar incessantemente. Um vício que pode causar sintomas tais como ansiedade, insónia, depressão e aumento de peso.
Tanto assim que a geração dos Millennials é também conhecida como a "geração burnout". E as horas ilimitadas de trabalho afetam as relações sociais com amigos, parentes, esposas e maridos e taxas de divórcio muito elevadas.
Foram mesmo criados centros de terapia específicos para tratar o vício do trabalho. O mais importante está sedeado em Nova Iorque e chama-se "Workaholics Anonymous". Não só: nas livrarias é possível encontrar livros de autoajuda para se libertar do vício do trabalho, que incluem técnicas muito semelhantes às utilizadas com o alcoolismo ou o abuso de drogas. Mas, neste caso, a substância da qual se deve desintoxicar está no funcionar em excesso.
Este é um problema a ser identificado e a ser devidamente acompanhado.
Com EDC