As Artes Gráficas e a Imprensa em Portugal
 
O Paço Episcopal de Faro foi o palco do lançamento de uma obra para os profissionais de artes e comunicação gráfica. “As artes gráficas e a imprensa em Portugal (4 volumes) séc. XV a XIX”, de José Pacheco, foi apresentado no mesmo dia em que foi inaugurada a Exposição para a Difusão do Conhecimento - Núcleo Histórico da Imprensa de Gutenberg e do Pentateuco de Faro.
 
A nova obra é composta por quatro livros, editados pela Sul Sol Sal, sendo que o primeiro abarca o período entre 1487 – 1732 e intitula-se “Da invenção da tipografia à idade do ouro do livro impresso”. O segundo, “Da arquitypographya à industrialização da imprensa”, cobre os períodos entre 1732 e 1870, cabendo ao terceiro, “Da xilogravura à fotogravura”, o período entre 1870 e 1890”. A obra finaliza com um quarto livro, que abrange o período entre 1890 e 1904, que se intitula “Da arte tipográfica ao design tipográfico".
 
José Artur Pacheco
 
“Todo este trabalho me deu um enorme prazer, porque está associado a uma série de desafios”, diz José Pacheco, que surgiram enquanto foi estudante, depois enquanto designer e professor. Sentiu a necessidade de conhecer a história do design, em especial em Portugal, matéria muito pouco trabalhada e sem obras de referência. Outro desafio foi a vontade de contribuir para contar a história da imprensa em Portugal e a falta de uma história do livro em que se envolvessem os artistas das obras.
 
“Fui desafiado também pela falta de uma história das artes gráficas, que partisse da sua verdadeira origem: a invenção da tipografia e a sua introdução em Portugal. Isto porque as histórias do design gráfico – salvo raras exceções e não sendo portuguesas – começam no século XX. E porque as histórias da nossa imprensa têm passado ao lado dos artistas gráficos e, sobretudo, omitem, talvez por desconhecimento, que a maior parte dos importantes jornalistas do século XIX, e início do século XX, começaram por ser tipógrafos”, explica José Artur Pacheco.

Para além de saber ler e escrever, os tipógrafos eram obrigados a aprender línguas e por isso faziam-se tradutores. Ao acompanhar em primeira mão as notícias, sobre os movimentos internacionais, tornavam-se esclarecidos membros das associações culturais, adianta o autor. Isso levou também a um estudo sobre o envolvimento da participação concreta dos artistas gráficos nas lutas de classes em Portugal, uma vez que era a mais literata e culta das classes operárias em Portugal.

O evento contou ainda com a presença do bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas, assim como outras personalidades onde se inclui o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Guilherme d’Oliveira Martins e o professor Manuel Cadafaz Matos.
 
Manuel Brito, da Sul Sol Sal
 
 “Um agradecimento à Gráfica Comercial de Loulé e ao seu líder, João Simões, e ao Sr, Quaresma da Apigraf, que sem os quais a edição desta obra, devido à sua qualidade e cariz financeiro, não teria sido possível. É graças a eles que hoje estamos aqui a apresentar uma obra de grande referência, não só para o Algarve, mas para o país inteiro”, referiu o responsável da editora, Manuel Brito.

A edição da obra contou com o apoio de várias empresas fornecedoras da indústria, nomeadamente a Antalis, a Apigraf, a Gráfica Comercial, Fujifilm, a Inapa Portugal, o ISAL, a Obra de Bico Edições e a Torraspapel.

José Pacheco é Licenciado em Design de Comunicação pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Mestre em História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa, doutorado em Ciências da Arte pela Universidade de Lisboa e um especialista em Teoria e História do Design Gráfico em Portugal.

Ligado a diversas editoras, empresas jornalísticas e ateliers de comunicação visual já colabora com diversos jornais e revistas, nacionais e regionais, tendo já dirigido o semanário Povo do Algarve. Participou no V Centenário do Livro Impresso em Portugal (1987) e nas Comemorações do Centenário do nascimento de Stuart Carvalhais (1987), com a organização de uma exposição retrospetiva no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.

É autor das obras “A Divina Arte Negra e o Livro Português, séculos XV e XVI”, “Stuart e o Desenho de Imprensa”, “A Arqueologia de uma Gravura”, “Manuel Teixeira Gomes – Numa Sublime Cruzada em Busca do Belo”, bem como “Gutenberg e a invenção da imprensa”. O projeto de investigação “O Typographo na Contemporaneidade do Designer Gráfico” foi distinguido com o “Prémio João Branco”, atribuído pela Universidade de Aveiro e pela família do professor e designer João Branco. José Pacheco é também professor no ISMAT – Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes, em Portimão.