António Redondo, presidente da CELPA – Associação da Indústria Papeleira, criticou a forma “enviesada e míope” como a Floresta é apresentada no documento da Nova Estratégia Florestal Europeia.

O tema esteve em destaque na reunião do Conselho de Administração da CEPI – Confederação Europeia das Indústrias de Papel, que reuniu em Lisboa, nos dias 29 e 30 de setembro, todos os CEO das principais empresas europeias da fileira florestal e os principais responsáveis das suas associações nacionais, entre as quais a CELPA.

Florestas Alice Machado

No encontro foram debatidos temas centrais para a fileira da pasta e do papel na Europa, entre eles as propostas do Pacto Ecológico Europeu, o pacote legislativo “Fit for 55”, e o papel que cabe às indústrias de base florestal para enfrentar a crise climática.

António Redondo afirmou que o documento mostra falta de compreensão científica relativamente ao papel das florestas, da silvicultura e das soluções de base florestal na abordagem dos objetivos climáticos e de biodiversidade, e criticou a forma como se olha para as "florestas plantadas" que, representando apenas 7% das florestas do planeta contribuem com 70% da madeira para uso industrial, retirando pressão sobre as florestas naturais. De acordo com o representante da CELPA, é necessário um esforço para desmontar este tipo de abordagem, mostrando que a gestão sustentável das florestas tem um forte potencial para contribuir para as prioridades políticas emergentes da Europa.

 

Ao longo da sua intervenção, António Redondo sublinhou a importância dos produtos de base florestal para se promover a transição para uma bioeconomia circular, contribuindo para a mitigação eficaz das alterações climáticas e para a construção de uma sociedade sustentável. Para tal, considera que a União Europeia deve criar mecanismos fortes, eficazes, equilibrados e transparentes de diálogo entre a ciência, a indústria e os decisores políticos, para estreitar a distância entre o "ciclo político" tipicamente curto e o "ciclo florestal" por natureza longo. O presidente da CELPA destacou, ainda, o papel central da indústria papeleira europeia na construção de uma paisagem florestal saudável, próspera e resiliente, além do seu contributo para a transição climática.

O Fórum que reuniu 22 CEO’s das principais empresas da fileira do papel, abordou diversas questões ligadas à governança interna da Confederação, a digitalização da economia, bem como o posicionamento face aos diversos diplomas da Comissão Europeia, que pretendem ajudar a atingir a meta de redução de 55% das emissões líquidas de gases com efeito de estufa até 2030, face ao ano de 1990.

A CEPI representa, aproximadamente, 500 empresas europeias com cerca de 900 fábricas, 180 mil postos de trabalho diretos e uma faturação de 90 mil milhões de euros, ou seja, equivalente a 40% do PIB nacional.

 

Com Lift