Numa noite marcada pelo reconhecimento, reflexão e ambição coletiva, o Sheraton Hotel & Spa, no Porto, foi palco na noite de 12 de maio de uma das mais importantes cerimónias do setor gráfico nacional.

A Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas, de Embalagem e Comunicação Digital – APIGRAF – com o patrocínio principal da The Navigator Company, reuniu mais de 100 personalidades do mundo empresarial, político e institucional para a entrega dos seus prémios anuais de excelência empresarial.

Uma noite de notoriedade para o setor gráfico português

A cerimónia assumiu este ano particular relevância pelo contexto económico desafiante que o setor enfrenta. Lopes de Castro, presidente da APIGRAF, iniciou o seu discurso com uma análise abrangente sobre o estado da indústria. “Num mundo marcado por volatilidade geopolítica, pressões inflacionárias e transformações tecnológicas aceleradas, o nosso setor tem demonstrado uma resiliência notável. Os números falam por si: continuamos a empregar mais de 23 mil profissionais e a gerar um volume de negócios próximo dos 3 mil milhões de euros”.

©️Pedro Santos©️Pedro Santos

O líder associativo não evitou os temas mais sensíveis, abordando com frontalidade o impacto da inteligência artificial. “Estamos perante uma revolução tecnológica sem precedentes. A IA vai redefinir todos os processos industriais, mas não podemos ignorar que esta transformação tem um custo energético brutal. Os data centers consomem já hoje quantidades astronómicas de energia e água”, recursos que se mostram cada vez mais escassos.

Reconhecimento às empresas premiadas

O ponto culminante da cerimónia consistiu na entrega dos galardões que reconheceram “as empresas com desempenho mais notável” no ano de 2024. O meticuloso processo de avaliação, concebido em colaboração com a Informa D&B, fundamentou-se num rigoroso conjunto de parâmetros, nomeadamente, “a inovação tecnológica, práticas de sustentabilidade ambiental, desempenho financeiro e excelência qualitativa dos produtos”.

Na categoria de Micro Empresas Associadas (até 10 colaboradores), o Prémio Bronze foi atribuído à LUIMIG - Artes Gráficas e Publicidade, uma gráfica tradicional do Porto que, apesar de não ter comparecido por motivos pessoais, foi aplaudida pela plateia. O Prémio Silver coube à Químico Digital - Mário Costa Gomes, empresa especializada em soluções digitais para o setor. Já o cobiçado Prémio Gold foi para a Manuel Guedes & Guedes, uma histórica empresa de Braga que tem conseguido aliar tradição e inovação.

O segmento das Pequenas Empresas (até 50 colaboradores) teve como vencedores a Mário Valente Lima (Bronze), a Ganbaru Print Soluções Integrais, (Silver) e a Cromotema - Artes Gráficas, (Gold). Esta última, sediada em Lisboa, tem sido pioneira na implementação de processos de produção sustentáveis.

©️Pedro Santos©️Pedro Santos

Grandes nomes premiados

Nas categorias superiores, os prémios refletiram a diversidade do setor. Entre as Médias Empresas (50 a 250 colaboradores), destacaram-se a Fábrica de Papel e Cartão da Zarrinha, (Bronze), a Iberpack Embalagens, (Silver) e a Tetra Pak Portugal - Sistemas de Embalagem (Gold), esta última reconhecida pelo seu investimento contínuo em Investigação Desenvolvimento – I&D.

O momento mais aguardado da noite chegou com a entrega dos prémios às Grandes Empresas (mais de 250 colaboradores). A Bloco Gráfico recebeu o Bronze, enquanto a Finieco - Indústria e Comércio de Embalagens foi distinguida com o Silver. O máximo galardão, o Prémio Gold, foi para a Navigator Tissue Ródão, num reconhecimento ao seu projeto de expansão internacional.

Visões estratégicas para o futuro

Para além da componente de premiação, o evento serviu como plataforma de debate sobre os rumos do setor. Augusto Castelo Branco, representante da Informa D&B, sublinhou que, “estas empresas premiadas são faróis que iluminam o caminho para todo o sector. Num momento de tantas incertezas, é inspirador ver como continuam a investir, a inovar e a criar valor”.

Catarina Novais, em representação da Navigator Company, traçou uma visão estratégica. “A nossa aposta em novos mercados como o packaging e o tissue mostra como é possível crescer de forma sustentável. A economia circular não é uma opção, mas sim a única via para o futuro”.

Um setor em transformação

O encerramento coube novamente a Lopes de Castro, que lançou um desafio à plateia, dizendo que “o papel e o digital não são adversários, mas aliados. A nossa missão é encontrar o equilíbrio perfeito entre inovação tecnológica e sustentabilidade ambiental. As empresas premiadas hoje são a prova viva de que isso é possível”, colmatou o presidente da APIGRAF.

Por Renata Pinho