A Keep Me Posted EU (KMPEU) realizou, em novembro, o evento Inclusive Communication for All: Lessons from “Why Choice Matters”, no Parlamento Europeu, no qual apresentou oficialmente a iniciativa #DearUrsula, dirigida aos cidadãos.
A sessão foi coorganizada pelos eurodeputados Sebastian Everding e Rudi Kennes, do grupo The Left.
No âmbito da iniciativa, os participantes escreveram postais dirigidos à Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelando a que a instituição assegure o direito de todos os cidadãos escolherem entre formatos digitais e em papel na receção de informação essencial.
O evento destacou os principais resultados do relatório Why Choice Matters (2025), que evidencia o risco de exclusão digital para vários grupos: pessoas mais velhas, cidadãos com deficiência, residentes em áreas rurais, famílias de baixos rendimentos e indivíduos preocupados com a segurança dos seus dados digitais.
As conclusões reforçam que a liberdade de escolha no formato de comunicação é fundamental para garantir inclusão num contexto de digitalização acelerada. A discussão sublinhou que a exclusão decorre muitas vezes não da rejeição da tecnologia, mas da eliminação de alternativas.
Stephen Russell, Diretor-Geral da ANEC, afirmou: “As pessoas não estão a rejeitar as ferramentas digitais. Estão a pedir acesso equitativo. Uma abordagem baseada no direito de escolha garantiria que ninguém é deixado para trás quando os sistemas migram para o digital.”
O testemunho de Kerstin Jönsson, cidadã sueca, ilustrou o impacto da digitalização não acompanhada de opções analógicas: “O meu parceiro fica bastante frustrado com a digitalização dos serviços. Apoio-o quando precisa de ajuda, seja a pagar contas, imprimir um documento do telemóvel, levantar a medicação ou marcar uma consulta. Ele está a perder autonomia porque a digitalização não mantém a alternativa analógica sem custos adicionais.”
Também Botond Szebeny, Secretário-Geral da PostEurop, reforçou a importância da pluralidade de formatos: “A #DearUrsula recorda aos reguladores que a comunicação inclusiva depende da existência de opções. Muitos cidadãos ficam para trás quando os serviços passam a ser exclusivamente digitais. As políticas da UE devem proteger o direito de escolha e garantir acesso a formatos digitais e em papel para todos.”
“Quando os serviços passam a ser apenas digitais, arriscamos deixar de fora pessoas que simplesmente precisam de informação noutros formatos. Proteger a escolha na comunicação é uma forma direta de garantir que ninguém é ignorado,” afirmou Sebastian Everding.
“A digitalização deve apoiar as pessoas, não criar barreiras. Muitos cidadãos continuam a depender de opções não digitais claras e fiáveis. Manter ambos os formatos é uma forma prática de assegurar inclusão,” acrescentou Rudi Kennes.
A KMPEU e os seus apoiantes defendem que a proteção da liberdade de escolha deve permanecer uma prioridade à medida que os serviços essenciais transitam para modelos digitais. O relatório Why Choice Matters recomenda várias ações práticas: manter formatos não digitais disponíveis, apoiar os serviços postais, reforçar programas de literacia digital e não digital e promover campanhas de sensibilização que ajudem os cidadãos a compreender as suas opções. O documento destaca ainda a importância de modelos híbridos, permitindo que cada pessoa utilize o formato que melhor responde às suas necessidades.
A organização sublinha que integrar o direito de escolha na formulação das políticas europeias é um passo essencial para construir uma sociedade mais acessível e inclusiva.