Durante a Web Summit, que decorre em Lisboa até 4 de novembro, a Microsoft anunciou um auxílio extra de 400 milhões de dólares no apoio tecnológico que vai prestar à Ucrânia, no âmbito dos esforços de guerra. Durante a conferência de imprensa, Mykhailo Fedorov, Vice-primeiro-ministro ucraniano e ministro da transformação digital, falou sobre a importância da tecnologia e do papel da impressão 3D no conflito armado com a Rússia.

“Há uma guerra híbrida com recurso a cibercrime. Mas, além disso, a Ucrânia consegue integrar a informação digital, de forma muito rápida, no campo de batalha”, explicou Mykhailo Fedorov. O ministro ucraniano contou que, logo no início da guerra, ao chegar à frente de batalha, um dos comandantes pediu o acesso a uma impressora 3D. “Queriam imprimir peças para incorporar nos drones dos civis, de forma a poder fazer uma melhor vigilância e, desde então, a tecnologia de impressão 3D tem sido muito valiosa”, conta Fedorov.

Web Summit 2022 Brad Smith Mykhailo FedorovBrad Smith e Mykhailo Fedorov

“Há jovens, nas linhas da frente, com um elevado conhecimento tecnológico e que o aplicam no local. Publicam as suas dificuldades e conquistas nas redes sociais para dar a conhecer a realidade ao mundo e são capazes de se transformar de forma ágil e criativa, utilizando a tecnologia em combate de formas que, por vezes, nem os países mais avançados pensariam nelas”, explica Mykhailo Fedorov.

Brad Smith, Vice Chair e Presidente da Microsoft, veio a Lisboa para anunciar o compromisso de continuar a apoiar o povo da Ucrânia “na defesa dos seus lares e das suas fronteiras”. Após um apoio de 100 milhões de dólares, a multinacional irá comprometer-se com mais 400 milhões de dólares em infraestruturas e serviços.

Primeira escola impressa em 3D em zona de guerra

É em Lviv, que foi fortemente bombardeada pelos russos, que está a ser impressa, em 3D, uma escola. O projeto foi iniciado e financiado pela empresa TEAM4UA em cooperação com as autoridades municipais e outras empresas que estão a colocar a tecnologia 3D ao serviço dos deslocados pela guerra na Ucrânia.

Mais de 2 000 escolas foram danificadas ou destruídas na Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro. Como resultado da invasão, que se desenrola há mais de sete meses, cerca de 3,6 milhões de crianças estão em risco de faltar às aulas, enquanto 1,5 milhões estão em risco de sofrer de problemas de saúde mental. Na região de Lviv, onde a escola será construída, há 250 000 pessoas oficialmente deslocadas internamente, mais de 75 000 das quais são crianças.

Lviv escola BALBEK BUREAU© BALBEK BUREAU

Construir as paredes da escola com uma impressora 3D será mais rápido e barato do que construir um novo edifício em betão, de acordo com a start-up tecnológica, processo que poderia demorar até dois anos. "Poupa tempo. É eficiente no que diz respeito aos custos energéticos, e vai ser rápido", disse Charles Tiné, membro do comité estratégico da TEAM4UA, à Euronews Next.

O objetivo final, disse Tiné, é trazer um total de 15 impressoras 3D para a Ucrânia, treinar ucranianos para usá-las, pegar nos destroços dos edifícios destruídos pela guerra e reciclar o cimento para imprimir novos edifícios.

A impressão 3D ao serviço da Ucrânia desde o início da guerra

Cerca de 3019 peças individuais foram impressas em 3D nos primeiros 16 dias da guerra para 930 produtos acabados. Os dados são de um grupo de voluntários, sendo muito difícil perceber a quantidade total de ajuda sob a forma de produtos impressos em 3D que a Ucrânia ainda recebe.

Periscopio 3DTechAditive© 3DTechAditive

No início do conflito, as impressoras 3D eram escassas e havia uma oferta limitada de consumíveis. À medida que os voluntários estrangeiros se juntaram à luta, começaram a enviar impressoras 3D para toda a Ucrânia. Além disso, os cidadãos que já tinham impressoras 3D em casa começaram a fornecer componentes para as linhas da frente. As empresas ucranianas também começaram a disponibilizar fornecimento de materiais e impressoras. Entre os elementos mais impressos estão componentes para drones e para armas, assim como torniquetes de aplicação de combate (CATs), ligaduras e periscópios.