Uma janela feita de azulejos pintados à mão vai dar as boas-vindas a milhares de visitantes na Exposição Universal de Osaka, no Japão.
Instalada à entrada do Pavilhão de Portugal, “A Janela” é uma criação do artista português ADD FUEL (nome artístico de Diogo Machado) e será inaugurada a 10 de junho, assinalando o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Com 182 × 60 × 243 cm, a instalação foi comissionada pelo Turismo de Portugal no final de 2024 e combina arte, arquitetura e arqueologia visual. Totalmente revestida a azulejos pintados à mão pela histórica fábrica Viúva Lamego, a obra propõe-se como um portal simbólico e cultural entre Portugal e o Japão, evocando a longa história de ligações entre os dois países.
Aos 44 anos, ADD FUEL volta a trabalhar o seu material de eleição – o azulejo –, desta vez com um desafio especial: unir elementos visuais portugueses e japoneses numa só peça. A partir de uma pesquisa aprofundada, o artista integrou símbolos nipónicos como o bambu, a tartaruga ou o tanuki, cruzando-os com referências portuguesas e reinterpretando composições tradicionais japonesas como Seigaiha (ondas), Kumo (nuvens), Genjiguruma (roda imperial), Hanabishi (flores geométricas), Tatsu (dragão), Torii (portais sagrados) ou Tomoe (símbolos cósmicos).
“A Janela” convida ao olhar atento, com uma densidade simbólica que vai além da superfície. A rota histórica entre Portugal e Japão, iniciada no século XV, serve de pano de fundo à obra. Ao longo dos séculos, o contacto entre as duas culturas traduziu-se em trocas comerciais, tecnológicas e artísticas, onde o azulejo português absorveu influências nipónicas. Esta peça inscreve-se nessa tradição, reinterpretando-a num registo contemporâneo.
ADD FUEL é o nome artístico de Diogo Machado, artista português natural de Cascais, reconhecido pela forma como reinventa a tradição dos azulejos em diálogo com uma estética urbana contemporânea. O seu percurso começou com o desenho, fortemente influenciado pela cultura do skate, graffiti, punk rock e videojogos.
Desde 2008, dedica-se à exploração do azulejo, combinando elementos decorativos tradicionais com linguagens gráficas modernas. Através de técnicas como repetição simétrica, trompe-l'oeil e padrões em camadas, convida o público a descobrir narrativas ocultas por detrás dos seus trabalhos.
As suas obras estão presentes em espaços públicos de cidades como Lisboa, Paris, Londres, Miami, Los Angeles, Bruxelas ou Tóquio. Tem exposto em instituições como o Museu Nacional do Azulejo, a Underdogs Gallery, o Petit Palais, a Saatchi Gallery ou o Wynwood Walls.