Segundo os resultados do Estudo de Gestão do Risco de Crédito em Portugal, 26% das empresas registaram um aumento do risco de crédito da sua carteira de clientes devido aos níveis de preços.

A evolução das taxas de juro continua a ter um efeito significativo sobre a estrutura de custos do tecido produtivo, embora o seu impacto se tenha moderado no último ano.

De acordo com os dados do novo estudo da Crédito y Caución e da Iberinform, 78% das empresas portuguesas confirmam que os níveis das taxas de juro estão a afetar a capacidade de se financiarem adequadamente. Trata-se de uma percentagem elevada, mas quatro pontos abaixo dos valores de há um ano: 20% do tecido empresarial fala de um alto impacto, dois pontos a mais do que em 2023.

Iberinform dadosjunho24

Os níveis de inflação estão também a ter um efeito muito pernicioso nas operações empresariais. Embora 38% das empresas tenham visto os seus preços de fornecimento aumentar e 50% tenham custos de mão de obra mais elevados, muitas delas não repercutiram esses impactos nos seus preços finais e 71% das empresas reduziram as suas margens comerciais.

Além disso, a deterioração da liquidez dos clientes finais leva a uma queda nas vendas (31% das empresas), agravamento do risco de crédito comercial da carteira (26%) ou perda de clientes (20%).

A volatilidade dos custos financeiros suportados pelas empresas é um dos elementos determinantes da atual evolução económica. O endurecimento da política monetária por parte dos bancos centrais para conter a inflação está a ter vários efeitos sobre o tecido empresarial, como o aumento das taxas de juro a que financiam a sua atividade ou o aperto, associado à turbulência financeira, das condições para a concessão de novos financiamentos.

Uma forma de compensar o aumento dos custos financeiros é aumentar os preços finais para proteger as margens comerciais. No entanto, a estratégia é arriscada num ambiente inflacionário, devido a fatores como a redução do poder de compra dos clientes ou a elasticidade da procura. O contexto de procura reprimida está a obrigar uma grande parte do tecido empresarial a absorver internamente o impacto de novos custos financeiros e a restringir o acesso a novos financiamentos, deteriorando os níveis de risco de crédito.