A UPM-Kymmene Corporation e a Sappi Limited assinaram uma carta de intenções não vinculativa com vista à criação de uma joint venture no segmento de papel gráfico, que integrará a totalidade do negócio UPM Communication Papers e o negócio europeu de papel gráfico da Sappi.

Segundo a informação divulgada a 4 de dezembro de 2025, a joint venture será detida em partes iguais pelas duas empresas (50/50) e funcionará como uma entidade independente, com gestão, recursos e processos de decisão próprios, dentro dos limites definidos no acordo entre acionistas.

A operação surge como resposta às mudanças estruturais do mercado europeu de papel gráfico, marcado por uma procura em declínio, excesso de capacidade instalada e custos energéticos elevados.

Massimo Reynaudo, Presidente e CEO da UPM, diz: «A joint venture proposta representa uma resposta decisiva às alterações estruturais da indústria europeia de papel gráfico. Oferece um caminho para reforçar a resiliência do setor e assegurar um compromisso de longo prazo e segurança de abastecimento aos clientes de papel gráfico».

O responsável acrescenta ainda: «O negócio UPM Communication Papers tem criado valor de forma consistente para os clientes e para os acionistas da UPM. Foi também a base para a expansão do portefólio de soluções de materiais sustentáveis da UPM. A joint venture planeada proporcionará o melhor futuro para este negócio, permitirá focar o portefólio da UPM e reforçará o nosso balanço».

Segundo as empresas, a operação permitirá criar um negócio de papel gráfico mais eficiente, adaptável e sustentável, através da otimização da utilização das unidades industriais e da reafetação estratégica dos volumes de produção para as máquinas mais eficientes.

A joint venture deverá contribuir para uma racionalização da oferta, num setor afetado por sobrecapacidade estrutural, reforçando a competitividade de custos e a segurança de fornecimento para clientes europeus e internacionais.

O projeto prevê ainda ganhos ao nível ambiental. A UPM Communication Papers dispõe atualmente de um plano climático que prevê a redução das emissões dos produtos até 70% até 2030. A joint venture deverá potenciar este objetivo, através da otimização de capacidades, ganhos operacionais e investimentos contínuos em descarbonização, alinhados com os objetivos do Clean Industrial Deal da União Europeia.

Estrutura e perímetro da operação

A joint venture incluirá todo o negócio UPM Communication Papers, abrangendo oito unidades industriais: Kymi, Rauma (incluindo UPM RaumaCell) e Jämsänkoski (linha de papel 6), na Finlândia; Nordland (linhas 1 e 4), Augsburg e Schongau, na Alemanha; Caledonian, no Reino Unido; e Blandin, nos Estados Unidos; e o negócio europeu de papel gráfico da Sappi, que integra quatro fábricas: Kirkniemi (Finlândia), Ehingen (Alemanha), Gratkorn (Áustria) e Maastricht (Países Baixos).

As empresas estimam sinergias anuais na ordem dos 100 milhões de euros, resultantes da otimização de ativos, racionalização do portefólio de produtos, melhorias logísticas, eficiência no aprovisionamento e ganhos operacionais.

De acordo com a carta de intenções o valor combinado das contribuições para a joint venture ascende a 1.420 milhões de euros, excluindo sinergias futuras. O negócio UPM Communication Papers é avaliado em 1100 milhões de euros, com a UPM a receber 613 milhões de euros em numerário e uma participação de 50%; e o negócio europeu da Sappi é avaliado em 320 milhões de euros, com a empresa a receber 139 milhões de euros em numerário e uma participação de 50%.

A joint venture recorrerá a financiamento próprio para suportar os pagamentos às duas empresas e funcionará de forma independente, sem recurso financeiro aos acionistas. A distribuição de dividendos dependerá do desempenho financeiro do novo grupo. Três anos após o fecho da operação, qualquer um dos acionistas poderá iniciar um processo de desinvestimento da sua participação.

No momento do fecho, a UPM prevê um impacto financeiro positivo, incluindo o recebimento de 613 milhões de euros em numerário; transferência de 406 milhões de euros em responsabilidades com pensões e detenção de 50% da joint venture, contabilizada pelo método de equivalência patrimonial.

A operação deverá melhorar as margens de rentabilidade, o balanço e a alavancagem financeira da UPM, permitindo ainda um maior foco em negócios com perspetivas de crescimento, reduzindo a exposição direta aos mercados europeu e norte-americano de papel gráfico.

As negociações continuam em curso, sendo expectável que os acordos definitivos sejam assinados no primeiro semestre de 2026. A operação está sujeita à aprovação dos acionistas da Sappi, à obtenção de financiamento externo e à avaliação das autoridades da concorrência, nomeadamente da Comissão Europeia, bem como das autoridades dos Estados Unidos, Reino Unido e China.

O fecho da operação é atualmente esperado até ao final de 2026, após o cumprimento de todas as condições legais e regulamentares. Até essa data, a UPM Communication Papers e o negócio europeu de papel gráfico da Sappi continuarão a operar de forma independente.