IMG 2324

Em Portugal, o comércio eletrónico registou, em 2018, um crescimento de 17%, alcançando um valor total na ordem dos € 5 mil milhões.

A notícia foi avançada como conclusão do “CTT e-Commerce Report 2019”, divulgado durante o “CTT e-Commerce Day”, que reuniu vários operadores no Auditório do Pólo Tecnológico de Lisboa.

Na abertura do evento, João Brito, CEO dos CTT, comentou: “Queremos ser melhores do que a Amazon em Portugal. De tal maneira que a Amazon não queira cá entrar”.

Rui Cunha, Mentor de Negócios Online, confirmou que o  mercado online é o que tem maior escalabilidade, pois rapidamente se entram em novos países, enfatizando a necessidade de se apostar em publicidade. “O maior desafio é que há uma maior concorrência para ganhar quota de mercado”, comentou, alertando para os desafios dos tempos atuais, em que há alguma saturação dos anúncios em digital.

Rui Cunha, Olga Frazão, Miguel Pina Martins, Rossana Gama e Sérgio Vieira

Confrontado com essa realidade, acabou por admitir que “há muitas oportunidades no digital, mas receber uma carta de uma empresa poderá ter outro impacto, por isso acho que ambas as abordagens podem ser muito interessantes”.

Miguel Pina Martins, CEO da Science4You, explicou a opção de vender produtos através de marketplaces, com a Amazon a ter uma maior expressão no volume de vendas. Na altura de optar por criar uma loja online ou entrar nos mercados já existentes, optou pela segunda opção, evitando a concorrência com os gigantes do online. Diz que os portugueses necessitam arriscar mais, um traço que o povo foi perdendo ao longo dos últimos 500 anos, porque “temos medo de falhar”.

Olga Frazão, Europe Head of Retail Marketing da Staples, contou os desafios e soluções da empresa, para explicar que é necessário deixar de pensar em canais diferentes e aceitar que é necessário unificar as operações: “É comércio, e é o cliente que escolhe onde compra e recebe!”

Rossana Gama, responsável da marca “Quem disse, Berenice?”, do grupo Boticário, referiu que há diferenças entre os países que não se podem ignorar: “As portuguesas compram por benefício e não por impulso, por isso há que gerar confiança!”, ao explicar todo o trabalho de implementação do canal digital da marca.

Sérgio Vieira, CEO e co-founder da plataforma de web-to-print 360imprimir, explicou o nascimento e desenvolvimento da empresa, para quem a logística tem um papel essencial. Escolheu não ser politicamente correto e afirmou: “a distribuição funciona muito bem na Ibéria, mas muito mal para a Europa”. E, pegando na afirmação de João Brito, referiu: “Nós queremos ser a Amazon dos produtos e serviços de marketing para as micro e pequenas empresas!”

André Pharand, Fábio Teixeira, Pedro Santos, Sandra Conceição e João Pedro Gonçalves

Pedro Santos, Head of E-commerce na Sonae MC, falou acerca das experiências da loja Continente Online, sublinhando que por trás de uma experiência digital há sempre um trabalho muito físico. Diz que é importante conhecer o público-alvo: “o que fazemos é colocar ciência na informação do cliente”. Isso permite criar serviços e parcerias para proporcionar melhores experiências de compra e melhores parcerias.

Sandra Conceição, Operations Manager na Nespresso, lembrou que o cliente quer “uma entrega rápida e uma entrega verde, ainda que não queira pagar por isso”, salientando que esses serviços “têm muitos desafios e custos associados e que alguém tem de os suportar”. A marca de cafés tem apostado num serviço cada vez mais integrado, com a oferta dos portes de entrega em horários alargados, nomeadamente até às 10 da noite, porque “é o que os clientes querem”.

O que diz o relatório dos CTT?

O relatório conclui que há mais portugueses a comprar online. 46% dos portugueses fizeram pelo menos uma compra online durante o ano de 2018 (mais 10% que em 2017), equiparando Portugal à média dos países do Sul da Europa (47%), de entre os quais o mercado espanhol continua a destacar-se como o que mais cresce.

Aumentou também o número de compras de produtos (13,8 compras anuais, mais 14% que no ano anterior), associado quer ao aumento do número médio de produtos por compra, quer ao aumento da sua frequência.

Alberto Pimenta, Diretor de e-Commerce dos CTT, referiu que “as conclusões do relatório mostram bem o crescimento do comércio eletrónico em Portugal, que assume um papel cada vez mais relevante nos hábitos de compra dos portugueses. Os CTT querem continuar a liderar o crescimento deste segmento, em colaboração com startups e outras empresas e lançando soluções inovadoras que propiciem uma excelente experiência de compra.”

Alberto Pimenta apresenta estudo

Quem é o cliente português?

O relatório conclui que 51,5% dos clientes de comércio eletrónico, em Portugal, são mulheres, nas faixas ativas dos 25-44 anos (66%), logo seguido dos mais jovens (23%), que vivem em centros urbanos (Lisboa e Porto) e oriundos das classes sociais média alta e média (81% e 77%).

Os e-buyers portugueses compram maioritariamente em sites e/ou plataformas internacionais, com predominância da China como país a liderar a origem das encomendas, seguindo-se a Espanha e o Reino Unido.

As plataformas preferidas

O smartphone é canal preferido para a realização dos procedimentos, como a pesquisa (86%), o pagamento (80%), ou a notificação e combinação da entrega. Por outro lado, o preço é o principal driver que leva à compra online, seja sobre a forma de descontos face às lojas físicas (68%), ou promoções (62%).

Cerca de 38% dos e-buyers refere que as compras online já superam as compras em lojas físicas. E de entre os canais preferidos, 68% revela preferir marketplaces em detrimento das lojas online das marcas (41%).

Cerca de 97% dos e-buyers portugueses revelam que compram nos canais online, mas também nas lojas físicas.

Receber onde estiver

No domínio das entregas das encomendas online, o cliente privilegia saber a janela horária em que vai receber a encomenda, em termos de dia (52%) e hora (47%), mais do que o tempo de entrega (39%).

O consumidor prefere a entrega gratuita, da maior rapidez e da maior conveniência em termos de novas opções de locais de entrega, para além do domicílio, que continua a ser a preferida (87%).

Há ainda opções de entrega alternativas em “pontos de conveniência” (cerca de 60%), “local de trabalho” (46%), “click&collect” (37%) e “cacifos automáticos e outras soluções” (29%).

O futuro próximo

Nos próximos seis meses, cerca de 82% dos retalhistas online espera crescer mais de 10%, e desses, 32% espera crescer acima dos 20%. O retalho online continuará a crescer acima do retalho físico: 73%.

Preveem-se crescimentos significativos para a época alta de 2019, em resultado das campanhas Black Friday, Cyber Monday, Singles Day e Natal. Cerca de 60% dos vendedores prevê um crescimento entre 20% e 50%, em relação aos valores médios do resto do ano, enquanto os outros 40% aponta para crescimentos de vendas ainda superiores.